sábado, 19 de março de 2011

POR QUEM FOI CONSTRUÍDA A CAPELA DE SÃO JOSÉ DA PONTA DA SERRA


TEXTO EXTRAIDO DO JORNAL DESPERTAR

Posso afirmar concisa e seguramente, que a Capela de São José da Ponta da Serra foi construída por iniciativa de Moisés Xenofonte de Oliveira, no ano de 1930. Havia aqui uma humilde casinha denominada Oratório de São José, onde se celebrava o Santo Sacrifício há mais de 30 anos e construída pa celebrava o Santo Sacrifício há mais de 30 anos e construída para este fim, pelo já falecido José Bernardo. Moisés Xenofonte chegou aqui em fins do ano de 1929, encontrou como casa de Deus, aquele indesejável casebre, tapado de barro, deteriorado, a mais inferior, a mais pobre e humilde casa do lugar. Ao ver, lamentou a pobreza, o mau gosto e o desprezo profundo com que se tratava neste lugar do Soberano Rei dos reis. Divulgou logo a idéia que lhe surgiu de construir um outro prédio mais propicio para a celebração do Santo Sacrificio, mais próprio para a morada de Deus. A principio sua idéia pareceu encontrar obstáculos, eram muitas as dificuldades, o inverno de 1929 fora mediano, a colheita diminuta, o povo em crise, não dispunha de recursossuficientes para empenhar se num trabalho de tamanha despesa monetária. Não obstante insistiu o Patriarca, como o chamava monsenhor Assis. Querer é poder era o seu tema. Demais Deus não podia permanecer naquela infina morada.

Era, além de uma vergonha, de uma decepção, uma má recomendação aos católicos do lugar. E, nestes termos falava para todos, aos domingos, sob o teto do referido Oratório, na ocasião em que se realizava a sessão da Conferência de São Vicente de Paula ali existente há mais de 10 anos, fundada por Daniel Xenofonte, seu irmão. Suas palavras de entusiasmo, de ânimo e otimismo, rompiam os empercilhos e ganhavam terreno a cada dia. A idéia já se incutira de tal maneira no espírito de todos, que já ninguém mais duvidava da realização do sonho humano. Mas a questão não era só falar, era que uma vez preparado o espírito do povo, precisava passar á fase da execução. E, justamente no dia 29 de março já do ano de 1930, outro inverno mediano, quando de passagem por esta povoação para a Vila de Dom Quintino então São Sebastião, onde ia celebrar, o revdmo. Monsenhor Assis, o Patriarca chamou-o para marcar o lugar onde se devia edificar a almejada Capela. Em seguida mandou cavar os alicerces, nomeou uma comissão de honra que angariasse óbolos em prol da construção, e no dia 25 de maio do mesmo ano, realizou-se a benção da pedra fundamental, com missa campal, uma das festas mais impresionantes que já se verificou aqui. Ai, então, monsenhor Assis, assim como todo o povo, tomado de entusiasmo, levou ombro a ombro com o Patriarca, numa luta de incalculáveis esforços, a construção da obra. Os tijolos e o madeiramento foram logo empreitados e foram conduzidos para o local próprio gratuitamente. É útil dizer que nem um só pau foi comprado. Todos os fieis, caridosamente e de boa vontade concorreram com esmolas e trabalhos gratuitos. No dia 25 de agosto, todo material ao pé da obra, foi iniciado o levantamento das paredes e no dia 25 de dezembro ainda do mesmo ano, coberta a Capela Mor, foi inaugurada com a primeira missa celebrada pelo revdmo. Monsenhor Assis.

No dia 30 do mesmo mês e ano foi feita a cobertura do restante da Capela com mais de 70 palmos de fundo e 35 palmos de frente. Não estava ainda terminada a missão do Patriarca, apesar de já desgotoso pela má retribuição que recebeu pelos seus benefícios, fundou ainda em 19 de março de 1931, a Conferência de Santa Rita de Cássia, que ainda hoje funciona no mesmo lugar, sob o teto da mesma Capela. Desgotoso, não podia permanecer aqui, parte daqueles elementos displicentes e sem iniciativa de outrora, vaidosos e ambiciosos, descontentes por não poderem lograr as honras e méritos que gosava o benemérito velho, procuraram expulsa-lo à custa de humilhações, criticas, pilherias e até baleias. Suportou tudo humilde e cristamente, dando por vingança a ausência perpetua. Deixou ainda muito o que realizar e deixou nos corações dos bons filhos desta terra, saudades imorredouras. Felizmente a memória daquele venerável velho não morreu, sucedeu-lhe alguém, que a seu exemplo muito tem feito pelo aperfeiçoamento desse trabalho. Hoje, temos em Ponta da Serra uma importante Capela, com um esplêndido altar onde se encontram perfeitas imagens de São José e de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, uma formidável sacristia com soalho para dormitório do padre e dois amplos braços onde funcionam, aos domingos, as Conferências de São Vicente de Paula e de Santa Rita de Cássia, patrocinadas por São Vicente de Paula. Demais a futura vila conta já com mais de 30 prédios particulares, contruídos de 1930 para cá e o patrimônio de São José, terreno doado por Liberalino Leite e Antonia Holanda, cujos documentos, não sei se por falta de Moisés Xenofonte, não estão ainda bem autênticos.

Texto de: José Valdevino de Brito em 17/02/1943; Extraído da “Revista A Ação” de 28/02/1943.

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