quinta-feira, 10 de outubro de 2013

EDUCAÇÃO EM CUBA : Cuba: um mestre para cada 42 habitantes


Pedro Meluzá López
Especial da Agência de Informação Nacional
outubro, 2000.

Educação = Orgulho e Prestígio

        Assiste às aulas no último curso do milênio, 99 por cento da população em idade escolar e uma cifra similar termina anualmente o ensino primário. Toda a educação é gratuita. Começou a Escola Latino-Americana de Ciências Médicas com a matrícula de 1900 estudantes de 17 países. 
        Uma recém investigação realizada pela UNESCO na América Latina para avaliar a qualidade da educação primária demonstrou que Cuba tem os melhores índices entre 14 países da área. 
        Este Primeiro Estudo Internacional aplicou provas de matemática e linguagem em quatro mil alunos pertencentes a umas centenas de escolas de cada nação. 
        De uma qualificação máxima de 400 pontos, os estudantes cubanos alcançaram 350, a mais alta, pois a média se manteve em torno dos 250, o qual fala eloqüentemente do alcançado pela maior das Antilhas em âmbito educacional. 
        Daí porque para toda população de cuba, a educação é orgulho nacional e uma das duas conquistas mais determinadas da Revolução, além do prestígio que tem internacionalmente. 
        A citada investigação efetuada pelo Escritório Regional da UNESCO para América Latina aos princípios de 1999 considera que se distinguem três grupos territoriais no que diz respeito à qualidade da educação. 
        O primeiro constituído por Cuba, o segundo muito distante pela Argentina, Brasil e Chile e o terceiro integrado pelos outros países, quase todos com médio inferior a média regional. 
        A escola corrobora com a triste conclusão a que se chegou em um dos últimos cumes ibero-americanos: América Latina é a região menos igualitária em distribuição de conhecimento entre as nações em desenvolvimento, e onde acelerados por necessidades econômicas somente 48 por cento das crianças termina seus estudos e a taxa de escolaridade oscila entre 4 e 6 anos de educação básica. 
        A causa fundamental é, segundo o próprio Escritório Regional, a precária situação econômica existente em grande parte dos países latino-americanos, o que obriga a uma alta proporção de jovens a abandonar seus estudos para ingressar no trabalho por necessidade. 
        Outras cifras alarmantes aparecem com regularidades na imprensa internacional, indicativas da crítica situação educacional pela qual atravessa o Terceiro Mundo. 
        Para a UNICEF no mundo há 140 milhões de crianças não escolarizadas e um bilhão de pessoas que não sabem ler nem escrever. A maioria está em nações subdesenvolvidas. (Na América Latina a cifra supera os 42 milhões.). 
        A UNESCO calcula em um 110 milhões de menores em idade escolar que carecem de escolas nesses países de terceiro mundo e se as condições não melhoram, e lamentavelmente tudo indica o contrário, haverá 162 milhões para 2001. 
        E pensar que com um por cento do que se gasta em armas, todas as crianças do mundo poderiam receber educação! 
        O número de adultos analfabetos no planeta se fixa pela ONU em mais de 900 milhões.
Sistema educacional todo gratuito 

        Falou-se com freqüência que a pequena ilha do Caribe é uma grande escola pelos notáveis êxitos de seus sistema de ensino, todo gratuito, inclusive comparado com nações altamente desenvolvidas. 
        O país tem um dos mais completos, justos e melhores programas de educação do mundo, reconheceram eminentes especialistas internacionais. 
        Sua taxa de escolarização é de 94,6% nas idades de seis a 16 anos. A retenção é de 99,9%. 
        Em respeito ao ano anterior há um aumento de 60 500 alunos e nenhum ficou sem opção. Garantiu-se a continuidade dos estudos a todos os que terminaram a sexta série; mais de 98% dos que concluíram a nona série seguiram no ensino médio superior, uma cifra inédita no mundo, e cerca de 85% dos que finalizaram o pré-universitário irão à faculdade ou à educação técnica profissional. 

        Com uma população total de 11 milhões de habitantes, no ano letivo de 2000-2001 assistem às aulas dois milhões e 400 mil estudantes, deles: 
                152 657 pequenos às 1 118 creches (beneficiando a 136 mil mães) 
                146 000 no jardim de infância (98,7% das crianças com cinco anos de idade) 
                969 000 no ensino primário. 70 % assistem às aulas em período integral incluindo o almoço. 
                739 000 cursam a educação média geral de seis anos. 
                85 000 no ensino politécnico (388 escolas) 
                58 000 nos 429 colégios de educação especial para alunos com problemas físicos e motores. 
                130 000 assistem as 61 universidades (600 mil se graduaram de 1959 até a presente data). 
                300 000 bolsistas (sem pagar alojamento) e 680 mil com bolsas semi-interna. 
        Em toda ilha até as mais elevadas montanhas, existem 12 mil 446 centros educacionais, onde dão aula quase 230 mil mestres e professores e contam com um pessoal de apoio docente que passa de 87 mil trabalhadores. A todos lhes aumentaram o salário recentemente. 
        Quase 300 mestres itinerantes atendem em seus lares a uns 500 jovens cujos graves impedimentos físico-motores não lhes permite locomover-se até a escola. 
        Apesar da crise que o abate desde o início dos anos 90, não se fechou uma sala de aula e o estado caribenho em 2000 destinou dois bilhões e 50 milhões de pesos para a educação, mais de 10% de seu PIB, aproximadamente 137 pesos por habitante (o peso equivale a um dólar no cambio oficial). Segundo dados da UNESCO, os gastos per capta no mundo giram em 162 dólares, na África 33, na América Latina 73, e na Ásia e países árabes 56. 
        América Latina exibe um panorama desalentador sob o sinal do neoliberalismo, com orçamentos mínimos para o ensino e salas com até uma centena de alunos para economizar retiradas.

Ensino aberto para estrangeiros 

        O sistema nacional de ensino não se limita aos cubanos. Os colégios de educação média e superior estão abertos a 8 220 estrangeiros, a porcentagem per capta mais alta do mundo. 
        Começou a funcionar no curso anterior a Escola Latino-Americana de Ciências Médicas, com uma matrícula de 1900 alunos de 17 países. Esta cifra se ampliará em anos posteriores. 
        Nas últimas décadas passam de 38 mil os graduados de 120 nações, deles 40% nas universidades. 
        A maneira de arremate cabe citar o expressado em um jornal uruguaio Brecha, muito distante de um perfil editorial favorável a Cuba. 
        "Todos sabemos que todas as sociedades conhecidas, em momentos de crise eliminam e recortam a ajuda a estrangeiros, os gastos de educação e saúde pública. Todas as sociedades, exceto a cubana". 
        E em verdade a realidade educacional do pequeno arquipélago parece incrível em meio da difícil situação econômica que vive o país, arrasado por um agravado bloqueio norte-americano que dura mais de 36 anos e a conseqüência da perda de 85% de seus mercados, após a queda da União Soviética e as nações socialistas da Europa. 
        Em condições tão adversas não se fecharam escolas por razões econômicas e não há uma criança sem assistir as aulas nem mestres sem emprego, como costuma apreciar-se até em nações do chamado Primeiro Mundo. 
        Nos Estados Unidos, por exemplo, 75 milhões não vão as salas de aula e o presidente Clinton planejou para o século XXI que todos os menores de oito anos saibam ler e "iniciar uma cruzada nacional para manter os níveis d educação". Para o vice-presidente Gore "é vergonhoso que tenhamos este nível de analfabetismo. Países como Cuba nos envergonham neste problema". 
        É difícil entender como no seio da potência capitalista mais poderosa do planeta, a situação educacional impulsione ao correspondente da agência espanhola EFE em Washington a escrever sobre o "O maltratado sistema escolar da capital", devido à "queda em disparada do sistema público de ensino ali, e ao jornal Miami Herald escrever que a "metade dos norte-americanos não podem ler nem escrever adequadamente". 
        O esforço para manter todas as escolas cubanas abertas foi titânico desde inícios da década de 90. No obstante a crise econômica, se elevou os indicadores e os resultados acadêmicos do curso de 1999-2000, por exemplo, foram superiores aos precedentes. 
        Inclusive foram reparados neste ano mais de mil centros escolares e 1 386 laboratórios. 
        O Estado destinou vários milhões de dólares para essas construções e a aquisição de uniformes, lápis, giz, cadernos, equipamento de áudio, TV, computadores e papel destinado aos quase cinco milhões de exemplares de livros textos. (A maior per capta da América Latina). 
        Em certa quantidade contribuiu a este empenho a ajuda solidária com doações feitas por simpatizantes de Cuba no entorno Latino-Americano e na distante Europa. 
        Como se aprecia, um grande esforço do país antilhano permitiu que o curso escolar 2000-2001 seja o que melhor condições materiais tenha dos últimos anos, mesmo quando as demandas e expectativas não poderiam ser satisfeitas ao cem por cento. 
        A base e o apoio deste processo docente em Cuba foi a campanha de alfabetização começada em 1960 após o triunfo revolucionário e que reduziu em um ano de 23,6 a 3,8 o índice de analfabetismo em todo país (agora é 1,9). 
        No comprido trajeto até hoje teve que vencer numerosos problemas: demasiado cientificismo na transmissão de aulas, certa imitação de modelos europeus de ensino indiferente à tradição pedagógica nacional e desmedido desejo por conseguir elevados índices de promoção escolar. 
        Estes vícios estiveram presentes até meados da década dos anos 80 e em etapa mais recente se trabalhou forte para superar o excessivo número de disciplinas de ensino primário e por obter avaliações finais mais reais ao conhecimentos de cada educando. 
        Também desde de vários cursos se aciona uma estratégia para que os mestres e professores acompanhem a seus alunos desde o nível secundário e pré-universitário, e se reduz o total de estudantes por grupo. 
        Conseguir plena vigência desta concepção é complexo, pois, embora consumam milhares dos docentes frente às salas de aula, ainda há um déficit destes em particular na capital, embora anualmente se formem ao redor de quatro mil novos pedagogos.

Um mestre por 42 habitantes 

        Para suprir essa lacuna, cerca de cinco mil estudantes dos últimos anos dos Institu-tos Superiores Pedagógicos receberam treinamento para dar aulas no primário e secundário, enquanto prosseguem seu próprio estudo. 
        Entre as prioridades do atual ano acadêmico esta em revitalizar o ensino de história, que será dada em todos os níveis e graus para contribuir com a formação de valores patrióticos, morais e políticos de crianças e jovens. 
        Igualmente estender a educação e a cultura ao longo de todo o país mediante a utilização da televisão em aulas de idiomas e conferências de pós-graduação. 
        Como se estima, o caminho não foi cor de rosa e as dificuldades e problemas antes sinalizados constituem o sal de um processo cujos saldos mais significativos são haver semeado ao pais com centenas de escolas, garantir ensino gratuito a crianças, jovens e adultos, alcançar altos níveis de promoção e elevar a nona série a média nacional de escolaridade. 
        Hoje, a maior das Antilhas possui um mestre por cada 42 habitantes e por cada 13,6 alunos, em um mundo onde a média, segundo dados da UNESCO, é de 79 e 40, respectivamente. 
        Em resumo se fizeram realidade os pensamentos do Herói Nacional cubano José Martí: "Toda nação será infeliz enquanto não eduque a seus filhos"... e " ser cultos é o único modo de ser livres".

EDUCAÇÃO SEM REVOLUÇÃO 

        Um milhão de analfabetos, mais de um milhão de semi-analfabetos, dez mil mestres sem empregos e 600 mil crianças carentes de escola, era o panorama educacional que apresentava Cuba em 1959, ano do triunfo da revolução. Com uma população que não chegava a seis milhões de habitantes, a deserção escolar no ensino primário e médio era alta devido a razões econômicas e sociais. A matrícula total era pouco mais de 811 mil estudantes, os mestres não passavam de 20 mil e o orçamento estatal para a educação era de 79 milhões e meio de peso. Se se comparam estes dados com os do curso 1999-2000, é apreciável o desenvolvimento conseguido neste campo, cujos indicadores mais significativos são que 99,6% dos alunos do primeiro grau terminam o ensino primário, cifra acima de todos os países da América, incluindo os Estados Unidos, e a retenção em sala de aula é de 99,9%.

Tradução de Elizabete Domingues P. da Silva

Para referência desta página: 
LÓPEZ, Pedro Meluzá. Cuba: um mestre para cada 42 habitantes. Pedagogia em Foco, Havana, 2000. Disponível em: . Acesso em: dia mes ano. 

Extraido de http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/cub03.htm

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